Segue algumas indicações da Congregação para a Doutrina da Fé para aproveitar melhor o "Ano da Fé" convocado pelo Santo Padre Bento XVI.
INDICAÇÕES
“Eu sei em quem pus a minha fé” (2 Tm 1, 12): esta palavra de
São Paulo nos ajuda a compreender que “antes de mais, a fé é uma adesão
pessoal do homem a Deus. Ao mesmo tempo, e inseparavelmente, é o
assentimento livre a toda a verdade revelada por Deus”.
A fé como confiança pessoal no Senhor e a fé que professamos no Credo são
inseparáveis, se atraem e se exigem reciprocamente. Existe uma ligação profunda
entre a fé vivida e os seus conteúdos: a fé das testemunhas e dos confessores é
também a fé dos apóstolos e dos doutores da Igreja.
Neste sentido, as seguintes indicações para o Ano da Fé
desejam favorecer tanto o encontro com Cristo por meio de autênticas testemunhas
da fé, quanto o conhecimento sempre maior dos seus conteúdos. Trata-se de
propostas que visam solicitar, de maneira exemplificativa, a pronta
responsabilidade eclesial diante do convite do Santo Padre a viver em plenitude
este Ano como um especial “tempo de graça”.
A redescoberta alegre da fé poderá contribuir também a consolidar a unidade e a
comunhão entre as diversas realidades que compõem a grande família da Igreja.
I. A nível da Igreja universal
1. O principal evento eclesial no começo do Ano da Fé será a
XIII Assembléia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, convocada pelo Papa Bento
XVI para o mês de outubro de 2012 e dedicada à Nova evangelização para a
transmissão da fé cristã. Durante este Sínodo, no dia 11 de outubro de 2012,
acontecerá uma celebração solene de inauguração do Ano da Fé, recordando
o qüinquagésimo aniversário de abertura do Concílio Vaticano II.
2. No Ano da Fé devem-se encorajar as romarias dos fiéis à Sé
de Pedro, para ali professarem a fé em Deus Pai, Filho e Espírito Santo,
unindo-se àquele que é chamado hoje a confirmar seus irmãos na fé (cf. Lc 22,
32). Será importante favorecer também as romarias à Terra Santa, lugar que por
primeiro viu a presença de Jesus, o Salvador, e de Maria, sua mãe.
3. No decorrer deste Ano será útil convidar os fiéis a se
dirigirem com devoção especial a Maria, figura da Igreja, que “reúne em si e
reflete os imperativos mais altos da nossa fé”.
Assim pois deve-se encorajar qualquer iniciativa que ajude os fiéis a reconhecer
o papel especial de Maria no mistério da salvação, a amá-la filialmente e a
seguir a sua fé e as suas virtudes. A tal fim será muito conveniente organizar
romarias, celebrações e encontros junto dos maiores Santuários.
4. A próxima Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro em 2013
oferecerá uma ocasião privilegiada aos jovens para experimentar a alegria que
provém da fé no Senhor Jesus e da comunhão com o Santo Padre, na grande família
da Igreja.
5. Deseja-se que sejam organizados simpósios, congressos e encontros
de grande porte, também a nível internacional, que favoreçam o encontro com
autênticos testemunhos da fé e o conhecimento dos conteúdos da doutrina
católica. Demonstrando como também hoje a Palavra de Deus continua a crescer e a
se difundir, será importante dar testemunho de que em Jesus Cristo “encontra
plena realização toda a ânsia e anélito do coração humano”
e que a fé “se torna um novo critério de entendimento e de ação que muda toda a
vida do homem”.
Alguns congressos serão dedicados à redescoberta dos ensinamentos do Concílio
Vaticano II.
6. Para todos os crentes, o Ano da Fé oferecerá uma ocasião
favorável para aprofundar o conhecimento dos principais Documentos do Concílio
Vaticano II e o estudo do
Catecismo
da Igreja Católica. Isto vale de modo
particular para os candidatos ao sacerdócio, sobretudo durante o ano
propedêutico ou nos primeiros anos dos estudos teológicos, para as noviças e os
noviços dos Institutos de Vida Consagrada e das Sociedades de Vida Apostólica,
bem como para aqueles que vivem um período de prova para incorporar-se a uma
Associação ou a um Movimento eclesial.
7. Este Ano será a ocasião propícia para acolher com maior atenção
as homilias, as catequeses, os discursos e as outras intervenções do Santo
Padre. Os Pastores, as pessoas consagradas e os fiéis leigos serão convidados a
um empenho renovado de efetiva e cordial adesão ao ensinamento do Sucessor de
Pedro.
8. Durante o Ano da Fé, se deseja que haja várias iniciativas
ecumênicas, em colaboração com o Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade
dos Cristãos, com o fim de invocar e favorecer “a restauração da unidade entre
todos os cristãos” que é “um dos principais propósitos do sagrado Concílio
Ecumênico Vaticano II”.
Em particular, acontecerá uma solene celebração ecumênica a fim de reafirmar a
fé em Cristo por parte de todos os batizados.
9. Junto ao Pontifício Conselho para a Promoção da Nova
Evangelização será instituída uma Secretaria especial para coordenar as
diversas iniciativas relativas ao Ano da Fé, promovidas pelos vários
Dicastérios da Santa Sé ou que tenham relevância para a Igreja universal. Será
conveniente informar com tempo esta Secretaria sobre os principais
eventos organizados: ela também poderá sugerir iniciativas oportunas a respeito.
A Secretaria abrirá para tanto um site internet com a finalidade
de oferecer todas as informações úteis para viver de modo eficaz o Ano da Fé.
10. Por ocasião da conclusão deste Ano, na Solenidade de Nosso
Senhor Jesus Cristo Rei do Universo, acontecerá uma Eucaristia celebrada pelo
Santo Padre, na qual se renovará solenemente a profissão de fé.
II. A nível das Conferências Episcopais
1. As Conferências Episcopais poderão dedicar uma jornada de estudo
ao tema da fé, do seu testemunho pessoal e da sua transmissão às novas gerações,
na consciência da missão específica dos Bispos como mestres e “arautos da fé”.
2. Será útil favorecer a republicação dos Documentos do Concílio
Vaticano II, do
Catecismo
da Igreja Católica e do seu
Compêndio,
também em edições de bolso e econômicas, e a sua maior difusão possível com a
ajuda dos meios eletrônicos e das tecnologias modernas.
3. Deseja-se um esforço renovado para traduzir os Documentos do
Concílio Vaticano II e o
Catecismo
da Igreja Católica nas línguas em que
ainda não existem. Encorajam-se as iniciativas de sustento caritativo para tais
traduções nas línguas locais dos Países em terra de missão, onde as Igrejas
particulares não podem arcar com as despesas. Tudo isto seja feito sob a guia da
Congregação para a Evangelização dos Povos.
4. Os Pastores, haurindo das novas linguagens de comunicação, devem
se empenhar para promover transmissões televisivas ou radiofônicas, filmes e
publicações, também a nível popular e acessíveis a um grande público, sobre o
tema da fé, dos seus princípios e conteúdos, como também sobre o significado
eclesial do Concílio Vaticano II.
5. Os Santos e os Beatos são as autênticas testemunhas da fé.
Portanto será oportuno que as Conferências Episcopais se empenhem para difundir
o conhecimento dos Santos do próprio território, utilizando também os modernos
meios de comunicação social.
6. O mundo contemporâneo é sensível à relação entre fé e arte. Neste
sentido, se aconselha às Conferências Episcopais a valorizar adequadamente, em
função catequética e eventualmente em colaboração ecumênica, o patrimônio das
obras de arte presentes nos lugares confiados à sua cura pastoral.
7. Os docentes nos Centros de estudos teológicos, nos Seminários e
nas Universidades católicas são convidados a verificar a relevância, no
exercício do próprio magistério, dos conteúdos do
Catecismo
da Igreja Católica e das implicações que daí derivam para as respectivas disciplinas.
8. Será útil preparar, com a ajuda de teólogos e autores
competentes, subsídios de divulgação com caráter apologético (cf. 1 Pd 3, 15).
Assim cada fiel poderá responder melhor às perguntas que se fazem nos diversos
âmbitos culturais, ora no tocante aos desafios das seitas, ora aos problemas
ligados ao secularismo e ao relativismo, ora “a uma série de interrogativos, que
provêm duma diversa mentalidade que, hoje de uma forma particular, reduz o
âmbito das certezas racionais ao das conquistas científicas e tecnológicas”,
como também a outras dificuldades específicas.
9. Deseja-se um controle dos catecismos locais e dos vários
subsídios catequéticos em uso nas Igrejas particulares, para garantir a sua
conformidade plena com o
Catecismo
da Igreja Católica.
No caso em que alguns catecismos ou subsídios não estejam em plena sintonia com
o Catecismo, ou revelem algumas lacunas, poder-se-á encetar a elaboração
de novos, eventualmente segundo o exemplo e a ajuda de outras Conferências
Episcopais que já providenciaram à sua redação.
10. Será oportuna, em colaboração com a competente Congregação para
a Educação Católica, um controle da presença dos conteúdos do
Catecismo
da Igreja Católica na Ratio da formação dos futuros sacerdotes e no
Curriculum dos seus estudos teológicos.
III. A nível diocesano
1. Deseja-se uma celebração de abertura do Ano da Fé e uma
solene conclusão do mesmo a nível de cada Igreja particular, ocasião para
“confessar a fé no Senhor Ressuscitado nas nossas catedrais e nas igrejas do
mundo inteiro”.
2. Será oportuno organizar em cada Diocese do mundo uma jornada
sobre o
Catecismo
da Igreja Católica, convidando especialmente os
sacerdotes, as pessoas consagradas e os catequistas. Nesta ocasião, por exemplo,
as Eparquias orientais católicas poderiam preparar um encontro com os sacerdotes
para testemunhar a sensibilidade específica e a tradição litúrgica próprias ao
interno da única fé em Cristo; assim as jovens Igrejas particulares nas terras
de missão poderão ser convidadas a oferecer um testemunho renovado daquela
alegria na fé que tanto as caracterizam.
3. Cada Bispo poderá dedicar uma sua Carta pastoral ao tema da fé,
recordando a importância do Concílio Vaticano II e do
Catecismo
da Igreja Católica levando em conta as circunstâncias pastorais específicas da porção
de fiéis a ele confiada.
4. Deseja-se que em cada Diocese, sob a responsabilidade do Bispo,
sejam organizados momentos de catequese, destinados aos jovens e àqueles que
estão em busca de um sentido para a vida, com a finalidade de descobrir a beleza
da fé eclesial, e que sejam promovidos encontros com as testemunhas
significativas da mesma.
5. Será oportuno controlar a assimilação (receptio) do
Concílio Vaticano II e do
Catecismo
da Igreja Católica na vida e na
missão de cada Igreja particular, especialmente em âmbito catequético. Neste
sentido se deseja um empenho renovado por parte dos Ofícios catequéticos das
Dioceses, os quais – com o apoio das Comissões para a Catequese das Conferências
Episcopais ; têm o dever de providenciar à formação dos catequistas no que diz
respeito aos conteúdos da fé.
6. A formação permanente do clero poderá ser concentrada,
especialmente neste Ano da Fé, nos Documentos do Concílio Vaticano II e
no
Catecismo
da Igreja Católica, tratando, por exemplo, de temas como “o
anúncio do Cristo ressuscitado”, “a Igreja, sacramento de salvação”, “a missão
evangelizadora no mundo de hoje”, “fé e incredulidade”, “fé, ecumenismo e
diálogo interreligioso”, “fé e vida eterna”, “a hermenêutica da reforma na
continuidade”, “o Catecismo na preocupação pastoral ordinária”.
7. Os Bispos são convidados a organizar, especialmente no período da
quaresma, celebrações penitenciais nas quais se peça perdão a Deus, também e
particularmente, pelos pecados contra a fé. Este Ano será também um tempo
favorável para se aproximar com maior fé e maior freqüência do sacramento da
Penitência.
8. Deseja-se um envolvimento do mundo acadêmico e da cultura por uma
renovada ocasião de diálogo criativo entre fé e razão por meio de simpósios,
congressos e jornadas de estudo, especialmente nas Universidades católicas,
mostrando “que não é possível haver qualquer conflito entre fé e ciência
autêntica, porque ambas, embora por caminhos diferentes, tendem para a verdade”.
9. Será importante promover encontros com pessoas que, “embora não
reconhecendo em si mesmas o dom da fé, todavia vivem uma busca sincera do
sentido último e da verdade definitiva acerca da sua existência e do mundo”,
inspirando-se também nos diálogos do Pátio dos Gentios, organizados sob a
guia do Conselho Pontifício para a Cultura.
10. O Ano da Fé poderá ser uma ocasião para prestar uma maior
atenção às Escolas católicas, lugares próprios para oferecer aos alunos um
testemunho vivo do Senhor e para cultivar a sua fé com uma referência oportuna à
utilização de bons instrumentos catequéticos, como por exemplo, o
Compêndio
do Catecismo
da Igreja Católica ou como o Youcat.
IV. A nível das paróquias / comunidades / associações / movimentos
1. Em preparação para o Ano da Fé, todos os fiéis são
convidados a ler e meditar atentamente a Carta apostólica
Porta fidei do
Santo Padre Bento XVI.
2. O Ano da Fé “será uma ocasião propícia também para
intensificar a celebração da fé na liturgia, particularmente na
Eucaristia”.
Na Eucaristia, mistério da fé e fonte da nova evangelização, a fé da Igreja é
proclamada, celebrada e fortalecida. Todos os fiéis são convidados a participar
dela conscientemente, ativamente e frutuosamente, a fim de serem testemunhas
autênticas do Senhor.
3. Os sacerdotes poderão dedicar maior atenção ao estudo dos
Documentos do Concílio Vaticano II e do
Catecismo
da Igreja Católica,
tirando daí fruto para a pastoral paroquial – a catequese, a pregação, a
preparação aos sacramentos – e propondo ciclos de homilias sobre a fé ou sobre
alguns dos seus aspectos específicos, como por exemplo “o encontro com Cristo”,
“os conteúdos fundamentais do Credo”, “a fé e a Igreja”.
4. Os catequistas poderão haurir sobremaneira da riqueza doutrinal
do
Catecismo
da Igreja Católica e guiar, sob a responsabilidade
dos respectivos párocos, grupos de fiéis à leitura e ao aprofundimento deste
precioso instrumento, a fim de criar pequenas comunidades de fé e de testemunho
do Senhor Jesus.
5. Deseja-se que nas paróquias haja um empenho renovado na difusão e
na distribuição do
Catecismo
da Igreja Católica ou de outros subsídios
adequados às famílias, que são autênticas igrejas domésticas e primeiro lugar da
transmissão da fé, como por exemplo no contexto das bênçãos das casas, dos
Batismos dos adultos, das Crismas, dos Matrimônios. Isto poderá contribuir para
a confissão e aprofundimento da doutrina católica “nas nossas casas e no meio
das nossas famílias, para que cada um sinta fortemente a exigência de conhecer
melhor e de transmitir às gerações futuras a fé de sempre”.
6. Será oportuno promover missões populares e outras iniciativas nas
paróquias e nos lugares de trabalho para ajudar os fiéis a redescobrir o dom da
fé batismal e a responsabilidade do seu testemunho, na consciência de que a
vocação cristã “é também, por sua própria natureza, vocação ao apostolado”.
7. Neste tempo, os membros dos Institutos de Vida Consagrada e das
Sociedades de Vida Apostólica são solicitados a se empenhar na nova
evangelização, com uma adesão renovada ao Senhor Jesus, pela contribuição dos
próprios carismas e na fidelidade ao Santo Padre e à sã doutrina.
8. As Comunidades contemplativas durante o Ano da Fé
dedicarão uma intenção de oração especial para a renovação da fé no Povo de Deus
e para um novo impulso na sua transmissão às jovens gerações.
9. As Associações e os Movimentos eclesiais são convidados a serem
promotores de iniciativas específicas, as quais, pela contribuição do próprio
carisma e em colaboração com os Pastores locais, sejam inseridas no grande
evento do Ano da Fé. As novas Comunidades e os Movimentos eclesiais, de
modo criativo e generoso, saberão encontrar os modos mais adequados para
oferecer o próprio testemunho de fé ao serviço da Igreja.
10. Todos os fiéis, chamados a reavivar o dom da fé, tentarão
comunicar a própria experiência de fé e de caridade dialogando com os seus irmãos e irmãs, também com os das outras confissões
cristãs, com os seguidores de outras religiões e com aqueles que não crêem ou
são indiferentes. Deste modo se deseja que todo o povo cristão comece uma
espécie de missão endereçada aqueles com os quais vive e trabalha, com
consciência de ter recebido “a mensagem da salvação para a comunicar a todos”.